Que o nosso alfabeto é composto por 26 letras você já sabe, não é? Talvez, o que você não saiba é que as letras K, W e Y só foram consideradas letras do alfabeto brasileiro recentemente, a partir do Novo Acordo Ortográfico. Antes, elas eram “intrusas”, agora são, oficialmente, parte constituinte de nossa língua.
Essas três letrinhas fizeram parte de nosso alfabeto até o ano de 1943, quando foram consideradas desnecessárias. Seu uso só era admitido em palavras estrangeiras e em algumas abreviaturas. Essa situação perdurou até pouco tempo, quando foram novamente admitidas em nosso alfabeto, que até então contava com 23 representantes, sendo cinco vogais e dezoito consoantes. Com a volta do K, W e Y, uma questão interessante surgiu: como elas seriam classificadas? E quanto ao seu uso? K, W e Y: vogais ou consoantes?
Bom, é claro que a questão despertou o interesse dos linguistas, os cientistas da linguagem. Pensaram bastante sobre o caso e chegaram à conclusão de que essas letras deveriam ser usadas em situações especiais, e que sua classificação como vogal, semivogal ou consoante estaria condicionada à análise dos fonemas que representam. Confira:
→ As letras K, W e Y: Devem ser usadas em antropônimos, como Joyce, Kleper, Conan Doyle, Kafka etc.
→ Em topônimos (nomes próprios de lugares) originários de outras línguas e seus derivados: Hong Kong, Sri Lanka, Hawaii etc.;
→ Em abreviaturas, siglas, símbolos e em palavras adotadas como unidades de medida de circulação internacional, como os vários símbolos da tabela periódica, K (potássio); Kg (quilograma), Km (quilômetro), Kw (quilowatt), Khz (quilohertz) etc.;
→ Em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros, como shakesperiano, de Shakespeare, comtista,de Comte, garrettiano, de Garrett, taylorismo, de Taylor, Weberniano, de Weber, etc.;
→ A letra “K” representa a consoante /k/, como em Karina, Kant, kart, ketchup, kaiser etc;
→ A letra “W” pode representar o fonema vocálico /u/, como em web e Willian, ou fonema consonantal /w/, como em Wagner e Walter etc. Sendo assim, o “W” pode ser vogal ou consoante, depende do uso;
→ A classificação da letra “Y” demanda de nós maior análise, pois sua classificação dependerá da forma como ela aparece na sílaba. Será vogal quando for base da sílaba, como na palavra chantilly; será semivogal quando estiver apoiada em uma vogal, como acontece na palavra office-boy. Em outros casos, a letra “Y” será classificada como um ditongo oral decrescente, como nas palavras byte e byssolita, pois o grafema “Y” será pronunciado como o fonema /ai/.
Para finalizarmos nosso estudo, é importante ressaltar que erradamente associamos as letras a uma visão simplista que as classifica apenas como vogais, semivogais ou consoantes. As letras são, sobretudo, osom que representam, sendo assim, o que vale é sua análise fonética, e não a divisão arbitrária que por consenso linguístico foi feita.